O “item” mais importante para abrir uma clínica odontológica é o dentista, certo? Afinal, esse profissional é quem está habilitado a cuidar da saúde bucal dos pacientes, com seus anos de estudo e experiência na área. Tanto que esse é o sonho de muitos dentistas recém-formados ou que trabalham para outras clínicas: abrir seu próprio consultório.
A questão é que gerenciar uma clínica odontológica compreende diversas questões, além da odontologia em si. Existem vários passos que você precisa seguir — do plano de negócios às exigências legais — antes de começar a atender na sua clínica. Depois disso, também é muito importante ter habilidades de gestão e planejamento, para que a clínica obtenha os resultados esperados e conquiste saúde financeira no longo prazo.
Do plano de negócios à abertura da clínica, há muitos detalhes e responsabilidades que você deve cumprir — mas é possível resumi-los em quatro itens principais:
- Tenha um bom plano de negócios para clínica odontológica;
- Reúna a documentação e cumpra as exigências legais;
- Organize a infraestrutura necessária para o consultório;
- Planeje a administração da clínica odontológica;
1. Tenha um bom plano de negócios para clínica odontológica
A odontologia é uma profissão muito nobre, com missão importante na sociedade. Ainda assim, seu consultório odontológico precisa ser visto como um negócio, que deve trazer retorno financeiro (inclusive para se manter aberto). Para tanto, o primeiro passo que você deve cumprir antes de abri-lo é criar o plano de negócios para clínica odontológica.
Você, melhor do que ninguém, sabe que existem vários tipos de clínicas odontológicas no mercado: as mais populares, com todo tipo de serviço com custos reduzidos, consultórios de bairro que fidelizam os pacientes pelo atendimento personalizado, até clínicas elitizadas com equipamentos de ponta e comodidades variadas, entre muitos outros…
Em vista disso, o que é necessário para abrir uma clínica odontológica em cada um desses modelos pode variar bastante, não é mesmo? Em vista disso, o primeiro passo é definir todos os aspectos essenciais sobre a área de atuação do empreendimento.
Como está o mercado de odontologia na sua região?
Você tem um local em vista, para sua clínica? Antes de assinar o contrato, analise os outros estabelecimentos da região: quais serviços oferecem, para qual perfil de cliente, se têm uma proposta semelhante à sua, quais diferenciais possuem.
Avalie também se essa região tem perfil residencial, comercial ou de passagem, qual o perfil das pessoas que transitam por ali… É possível encontrar muitas informações úteis em jornais locais e na prefeitura, mas você também pode tirar um tempo para observar a região com os seus próprios olhos.
Qual será o público-alvo da sua clínica?
Se você pretende abrir uma clínica odontológica com alto valor agregado, o centro popular da cidade não será o local mais adequado, por exemplo. Assim como um consultório popular em uma rua distante de linhas de ônibus. A definição do público-alvo é essencial para pensar nos serviços oferecidos, na precificação e em vários outros detalhes.
Mesmo que você se proponha a atender todos, é importante identificar um perfil de paciente que será seu foco — pessoas que moram perto ou transitam pela região da sua clínica, muito provavelmente. Como dissemos no item anterior, busque observar quem são essas pessoas.
Quais são os diferenciais da clínica e do serviço?
Você estudou muito para trabalhar na área, fez diversos cursos e busca dar a maior atenção para seus pacientes… Mas, de todos esses atributos positivos, o que lhe diferencia dos outros dentistas na região? Você pretende oferecer algum serviço diferente ou fazer algo de um jeito que ninguém mais faz? Essa análise é muito importante no plano de negócio, especialmente se você quer atender um público-alvo mais específico.
Que tipo de serviços você irá oferecer (e a qual preço)?
No começo, é difícil ter equipamentos e profissionais para realizar todos os procedimentos odontológicos. Então, é importante definir um foco, seja na sua especialidade ou nos serviços com mais demanda na sua região.
Faça uma tabela completa dos serviços, calculando os custos que você tem com cada um, analisando também as despesas gerais do consultório e pesquisando quanto a concorrência cobra por esses serviços. Com essas informações, é possível chegar a preços razoáveis nos seus serviços, sem comprometer a saúde financeira da clínica.
Essas definições do plano de negócio para clínica odontológica darão base para as decisões práticas que vêm depois: o local, as pessoas que você (eventualmente) precisará contratar, os equipamentos e, obviamente, o investimento necessário para esse empreendimento.
Dito isso, esse plano de negócio não precisa ser estático: você pode começar com uma clínica mais modesta e implementar melhorias ao longo do caminho. Um plano completo pode, inclusive, prever esses próximos passos e as ações necessárias para chegar lá.
2. Reúna a documentação e cumpra as exigências legais
Quem atua na área da saúde deve respeitar muitas normas sanitárias, cujo descumprimento pode acarretar em multas e até na suspensão das atividades da clínica. Por isso, uma vez que seu plano de negócio para clínica odontológica esteja pronto, essas exigências legais devem ser o próximo passo.
Para começar, você precisa abrir o CNPJ da clínica, com as descrições corretas de atividades pelo CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas), natureza jurídica (SLU, Ltda…) e tipo de empresa (EI, ME, EPP e etc) adequados, além do regime tributário ideal para você pagar menos impostos (Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real).
Muitos profissionais têm dúvida se vale a pena abrir CNPJ para dentistas, mas isso permite pagar menos impostos que como profissional liberal, além de possibilitar a emissão de notas fiscais e organizar a contratação de funcionários. Vale mencionar, contudo, que dentistas não podem ser enquadrados como MEI (microempreendedor individual) — embora possam optar pelo Simples Nacional.
É importante fazer sua inscrição no CNPJ com cuidado, para evitar problemas no futuro. Erros na CNAE podem atrapalhar a concessão da sua licença sanitária, por exemplo. Inscrever-se no tipo de empresa ou regime tributário inadequado podem causar despesas desnecessárias, que vão comprometer a saúde financeira da clínica. Então, atenção total a esse ponto!
Dito isso, com o CNPJ aberto, sua clínica odontológica precisa se atentar com os outros trâmites:
- registro no Conselho Regional de Odontologia;
- registro na junta comercial;
- inscrição municipal (a estadual não é necessária);
- licença da Vigilância Sanitária;
- laudo de vistoria do Corpo de Bombeiros;
- laudo radiométrico, se houve aparelhos de raio-x;
- cadastro no CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde);
- registro da empresa no INSS
- pedido para coleta de resíduos.
Sobre a licença sanitária, outro detalhe importante: a Vigilância não envia qualquer aviso. Os resultados são publicados no Diário Oficial e você precisa acessá-los.
Porém, você pode contratar uma contabilidade para clínicas, com profissionais especializados nesses processos. A contabilidade também é essencial para auxiliar na legalização da sua clínica, facilitando o processo e garantindo que todas as licenças necessárias sejam liberadas, assim garantindo que sua empresa possa funcionar de forma regular.
3. Organize a infraestrutura necessária para o consultório
Provavelmente, esse é o item que mais preocupa os futuros proprietários: o investimento para comprar tudo o que é preciso para abrir uma clínica odontológica pode ser alto! Desse modo, o ideal é começar pelos equipamentos indispensáveis — cadeira odontológica, autoclave, kit de peças de mão, seladora, compressor, bomba a vácuo… —, além de garantir um bom estoque de itens de uso contínuo — descartáveis, aventais, resinas, instrumentos…
Uma vez que você cumpriu o essencial, pode pensar em investir no mobiliário e na decoração para clínica odontológica. Isso está diretamente relacionado ao seu plano de negócio: o visual é a primeira impressão do cliente, dizendo muito sobre sua clínica e o posicionamento dela no mercado. Uma clínica odontológica popular, por exemplo, pode utilizar móveis em cores mais vibrantes, enquanto um consultório de alto padrão precisa ter salas finamente decoradas.
Pense também nos equipamentos de informática necessários para o balcão de atendimento e considere a contratação de um sistema para clínicas, para fazer agendamentos, armazenar prontuários e outras questões. Além da recepção (e do consultório, claro), a sala de espera e o estoque são essenciais — outros ambientes podem ser planejados posteriormente.
4. Planeje a administração da clínica odontológica;
Ufa! Depois de todo esse trabalho, é possível seguir com a abertura da clínica odontológica e começar a atender seus pacientes. Porém, se você deseja que sua clínica dê bons resultados, é essencial pensar na administração.
Para tanto, o primeiro passo é ter controle eficiente do fluxo de caixa, separando as finanças do dentista (pessoa física) das finanças da clínica (pessoa jurídica) e registrando as entradas e saídas de dinheiro. Você pode fazer isso usando planilhas ou algum sistema informatizado para clínicas, que também auxilie no agendamento de consultas e armazenamento de dados.
Outro fator importante para a gestão da clínica odontológica é a contabilidade: a emissão de notas fiscais e o acompanhamento correto do fluxo de caixa impactam nos impostos pagos pela sua clínica. Além disso, existe o planejamento tributário, que inclui o enquadramento no regime correto e outras estratégias para diminuir o valor dos tributos ou postergá-los. Assim, você economiza recursos que podem ser reinvestidos na sua clínica.
Contratando uma assessoria contábil para clínicas, com especialidade na área, o processo de abertura se torna muito mais simples e a gestão é mais eficiente. A Fazenda Contabilidade tem mais de quatro décadas de experiência, atendendo a várias clínicas odontológicas — que confiam em nosso trabalho há anos. Para conhecer os serviços e fazer um orçamento, entre em contato com nossos consultores.
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